Era uma daquelas tardes tristes, de céu nublado e atmosfera densa. As pessoas da cidade comentavam que a moça se esvaía em uma hemorragia que os médicos não conseguiam deter. Ezequiel e Regina haviam contatado o padre Domingos para encomendar a alma da filha. Enquanto isso, algumas mulheres acompanhadas por anciões contadores de histórias, reuniam-se na residência do casal para rezarem pela vida de Marta. Foram para lá, também, Taís, Olga e Thereza, na esperança de juntarem suas orações às dos demais e dessa forma unir forças pela saúde da amiga. A fé remove montanhas dizia Olga, a fé remove montanhas.
Durante o caminho, uma forte chuva desabou sobre a cidade, como há muito tempo não acontecia por aquelas bandas. Olga e as duas filhas chegaram ao local com água acima dos joelhos e acompanharam as outras pessoas, amontoadas no lugar, em ladainhas intermináveis, à luz bruxuleante de velas. A cena lembrava a pintura de uma imagem sacra...
Fotografia por Luciano (Jardim Do Éden - Litoral/RS)
6 comentários:
Ui!
Vc tb anda tendo pesadelos?!
bj, f
Gostei, meu velho, continua ou reticenta? =) Obrigado pela homenagem de viés, se for consciente. Grande abraço e muita arte!
Queridos Flam e Guto. Eu e meus fragmentos, meus estilhaços, de sonhos e pesadelos, talvez...
Belas imagens, luciano. E "a fé remove montanhas" é legal, haha.
Gosto da transição início caótico até a pintura sacra. A narrativa inteira sugere câmera-lenta e preto-e-branco.
É triste, sublime.
texto com bonitas imagens, gostei.
às vezes a chuva pode ser ladainha interminável, como a oração.
abraços
Esse texto me atraiu. Parece um pequeno filme, a gente vai criando as imagens.
Cheguei aqui por acaso e gostei do que vi.
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