Linguagem e Clown

A linguagem está presente na vida de todos os indivíduos, nas mais diferentes culturas existentes. Todos, de alguma forma, ocupam-se da linguagem com maior ou menor importância porque ela é de domínio individual e ao mesmo tempo de domínio coletivo. Da mesma forma, o Clown, esse intrépido indivíduo às avessas, parece estar presente nas mais diversas sociedades, encantando, divertindo, compartilhando com cada um dos seus espectadores momentos de cumplicidade por meio da alegria, do erro, da graça, de risos e de lágrimas, enfim, por meio de um corpo-linguagem. A linguagem é uma revelação daquilo que é mais íntimo em cada ser humano e que une este mesmo ser ao restante do mundo e aos seus semelhantes. É por meio desta linguagem, aprendida, decodificada desde o nascimento, que o homem transforma o mundo. E o clown? O clown também nos revela aquilo que há de mais secreto, de mais ingênuo, de mais atrapalhado e estúpido, de mais lírico e humano em todos nós. O clown nos revela a nossa fragilidade, a nossa condição de pessoas que erram e mesmo assim continuam, sem medo, sem vergonha de se expor e errar novamente, e de novo. É com esta e por meio desta linguagem que o homem define a sua experiência de “universo”. A partir do que foi falado e do acréscimo de suas próprias vivências ele interfere no mundo e deixa que o mundo interfira nele. A linguagem proporciona para este homem a possibilidade de multiplicar sua visão, seu discurso, suas percepções e suas ações. A linguagem preenche a vida e possibilita o encontro entre o indivíduo e o grupo. O clown, da mesma forma, define nossas experiências de “universo” por meio de uma linguagem que passa diretamente pelo seu estado de “ser”, pelo seu corpo que se dilata e se contrai em busca do seu público. Dessa forma, o clown interfere em nossas vivências com a sua visão de mundo e é também interferido por nós, quando recebe como retorno à sua performance as risadas que lhe servem de alimento. No momento que faz uso desse corpo linguagem o clown tem um encontro verdadeiro consigo e com os seus interlocutores. O clown vai adquirindo o conhecimento de si na medida em que se revela, na medida em que procura conhecer o outro, em que procura conhecer o grupo. Daí o corpo linguagem do clown ser o instrumento entre ele e o mundo ao seu redor que nos mostra mais do que nunca, que a linguagem está completamente incorporada na vida de todos os indivíduos, no corpo de todos os indivíduos, de todos os clowns e de todas as platéias. Ela é parte de um sistema vivo e real que deve ser, cada vez mais, em todas as esferas, estudado.

2 comentários:

Cleyton Cabral disse...

Que bonito seu clown! =D

Caroline Holanda disse...

Bom, moço!
Bom pra pensar e experimentar.
Abraço.
Carol