Foi como se as últimas gotas do orvalho se destinassem a cobrir de brilho o casal de amantes que se deitava nu sobre o campo, com seus corpos quentes de amor um pelo outro. Olegário acordou com um pequeno pássaro que delicadamente brincava em seu peito úmido e sorriu ao ver a ave passar de um corpo a outro sem espantar-se com a respiração ofegante da bela Elvira, que adormecida sonhava com anjos de olhos da cor do mar e vestes perfumadas de anis. O homem contemplou em silêncio a moça, que horas antes parecia uma loba selvagem e teve certeza do quanto a amava. Quando Elvira acordou o sol já estava alto e Olegário ainda mirava seu corpo e pensava para si mesmo que ela era a personificação da beleza feminina. Olharam-se sorrindo e viram a aura dos seres que compartilhavam com eles aquele mesmo local. O campo, os pássaros, as águas do ribeirão, as árvores, tudo parecia ser feito de uma estranha e bela realidade. Beijaram-se ardentemente trocando as mesmas juras que haviam dito um ao outro na noite anterior e amaram-se novamente, libertos pelos seus desejos mais profundos...
Imagem: Les amants de midi, Besançon - Samuel Duchay

19 comentários:

guru martins disse...

...contos curtos
densos, fluidos,
aprisionador e
certeiros como
flecha.
Muito bom
tudo por aqui.
Bem vindo ao balaio...

aquele abraço

Téia disse...

"O homem contemplou em silêncio a moça, que horas antes parecia uma loba selvagem..." Já se foi o tempo em que um homem guarda o sono da mulher que ama. Na verdade, já se foi o tempo em que o homem ama.

Perdão... ando um pouco amargurada.... e porque não dizer, decepcionada..

Fiquei com inveja de Elvira...

Adriana Riess Karnal disse...

uma bela imagem de amor.Obrigada pela visita em meu blog.

Anônimo disse...

Lindo conto, quisera eu estar no lugar dela! É tudo que uma mulher deseja, o romantismo que anda em decadência. Faz me lembrar de belos momentos, não muito remotos.
bj

TAHIS disse...

Lindo conto,curto,intenso,forte e sensivel ao mesmo tempo.Total harmonia com a natureza.Parabéns.

Carmem Salazar disse...

Luciano, te indiquei ao selo "Olha que blog Maneiro!". Passa lá e vê... Volto pra ler o conto.

bjs

Adriana Godoy disse...

Um belo conto, capaz de possibilitar inúmeras viagens. Bj

Fred Matos disse...

Gostei dos contos e do blog.
Parabéns, Luciano.
Abração

Anônimo disse...

Querido Luciano!

Finalmente consigo comentar :)

A cena que você conseguiu formar aqui, é envolvente e de um bom gosto incrível.
Só confirma o caráter sensível e delicado, tão típico de você.

Obrigada.

Beijo grande e uma ótima quarta, quinta, sexta... :)

Beatriz disse...

Ei, Luciano

O sol ainda alto e aura dos seres revelando desejos.
Gostei

Sentimental ♥ disse...

eu sinceramente não tenho nada a falar, além de: delícia.
vi a cena em todos os detalhes, até o pássaro bailando por cima dos corpos extasiados.
beijos

[obrigada pela visita e sim, venha sempre...]

Gustavo Martins disse...

velho, entre os seres que compartilhavam com eles aquele mesmo local, havia duendes?

abraço!

Luciano disse...

Sentimental, que bom poder compartilhar dessa percepção contigo. ;)
Seja sempre bem vinda aqui.
Abração.

Luciano disse...

Gustavo, com certeza havia duendes, fadas e outros mágicos elementais da natureza.
Abração tchê.

Sentimental ♥ disse...

obrigada.
bjs
;)

BAR DO BARDO disse...

libertos pelos desejos... isso é bom.

Luciano disse...

Os desejos nos fazem sonhar e alcançar a liberdade.
Abraço Bardo.

Poetisa Rebeka Alves disse...

Valda
Lindíssimo!Quem ama sabe contemplar o objeto do seu sentimento e quando finda guarda-lo na lembrança para visitar se necessário.Esse conto despertou as minhas! Sucesso do escritor parabéns

MERGULHANDO NAS PALAVRAS disse...

Belíssimo, visceral, certeiro!