Ao debruçar-se no parapeito do lugar viu uma vez mais a linha do horizonte em todas as direções e pensou que nunca o nome “Terra” tivesse lhe assumido um significado tão real e verdadeiro como naquele instante. Pulou, estava livre, despojado de qualquer amarra, de qualquer dúvida que pudesse lhe segurar neste plano, nesta agonizante e fria concretude. O vento no rosto, o suor gelado nas mãos, o coração acelerado, a queda, o letreiro seis andares abaixo que se espatifou em dezenas de pedaços, atravessado pelo corpo monocromático sem asas. E de repente o baque e uma forte batida com a cabeça, e o gosto metálico de sangue na boca, e os sons que iam ficando cada vez mas distantes. Sentiu uma paz interior indescritível, um amor incondicional pelo rosto de alguém que corria em sua direção, e ainda teve tempo de ver o semáforo do cruzamento próximo acender a luz vermelha para fazer os carros parar. No alto, a abóbada de um céu azul que, pouco a pouco, foi se fragmentando em escuridão silenciosa.
Imagens e texto, por Luciano.
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Dando o toque:
Raio Percentual do Tempo: Indie
On The Rocks: Os Cinco Maiores Cantores Cool Do Planeta.
28 comentários:
Tão intenso que consegui sentir as sensações.
Reflito: essa atitude é liberdade ou completa prisão? Paradoxo, não?
Maria, legal a tua visita de retorno. :)
Pois então, a hipótese para esse paradoxo fica por conta do leitor.
Abração.
Eu já ouvi o baque de alguém caindo do 11o. andar. No caso que conto, ele estava trocando a lâmpada, levou um choque, caiu para trás e a janela estava aberta. Foi tragado por uma liberdade que ele não pediu.
No caso que você conta... Às vezes até sonho com isso, mas sempre tenho asas para voar em direção ao horizonte. Ele, nem mais sonhar vai poder...
beijinhos
Gosto como escreve. Tem riqueza de detalhes. Visualizei a cena toda...
Sincronicidade total.
Adoro Gergelim :)
Lu... perdoe-me, mas pela primeira vez eu sou obrigada a dizer: gostei da forma... mas não do conteúdo. Já descrevi, em alguns contos meus, cenas de suicídio... e sempre que é necessário fazer isso, sofro muito. Sofri outra vez.
era como se fosse eu...
acho que eu queria estar ali.
e com todas essas sensações.
lindo, lindo, lindo.
Senhora, talvez agora ele viva em sonho eterno, talvez.
Fabi, obrigado pela leitura, pelas palavras, pela sincronia.
Renata, tens a liberdade total para fazer todas as críticas e apontamentos. Sabes disso. Prometo um próximo conto mais divertido. Abração menina.
Gabriela. Só tenho de agradecer. Valeu, mocinha.
Rapaz!
O teu texto é tão intenso, que tudo o que eu ia dizer, foi dito nos outros comentários. Ou seja, atingiu à todos de maneira quase idêntica. Valeu!!
Um abração!!
Simples, mas não menos intenso. Direto, mostrando a complexidade da escolha pelo fim. Gostei do texto, viu!
Obrigada pela visita lá no blog. Beijos
Por instantes pulei...e vi semáforos linda narrativa!!!!
beijos ternos
Luciano, tu escreves tão bem que senti uma grande aflição! Eu já passei por isso e quase....Mas estou aqui comentando o teu blog...Ufa! Abraço
Ainda me questiono, se essa decisão demonstra grande coragem ou cruel covardia...tão paradoxo qto intenso.
Obrigada pela visita, estarei por aqui, tmb.
Um beijo,
ℓυηα
Grande Francisco, obrigado pelas palavras.
Cara dei muitas risadas com o teu último conto. Legal essa troca.
Abraço.
Dantas, então: simples, direto e intenso. E assim vamos nos falando, trocando, nos lendo. Abraço menina.
Valeu Marcia. Teus textos tb, deliciosos de se ler.
ctossan, que bom que hoje estás aqui a me responder e a postar lá no teu blog, imagens, palavras, belas e cheias de vida.
Luna, seja sempre muito bem-vinda aqui no Gergelim. A casa é tua.
Abraço querida.
Nossa impressionante. Entrei na estória fui a protagonista, amei a maneira como escreve. Bjs.
meu caro,
acho que pequei em colocar o joão.
pô, esse posto era pra ser do bowie.
perceba como joão fica por fora no post - foto colorida - entre os outros com foto preto e branco.
agora é tarde!
obrigado pelo link.
abs
Luc
Sempre gostei do teu estilo detalhista,teus textos sempre intensos e marcantes.É muito bom passar por aqui :)
Bjs
Polegato, seja bem-vinda ao Gergelim.
Tarcísio, o bom das listas é que podem ser alteradas né? Abração.
Tahis. Obrigado pelas palavras. Só me dão forças para querer escrever mais e melhor. Bj amiga.
Lu, gostei muito da relação da narrativa com o "cenário", que criastes. muito bom! quase sai um "conto visual" daí, hein? : )
bjs,querido
o Hugo Pontes diz que o Poema Visual é o que fotografa o que está em volta do poeta.
obrigado pela visita
tens um blog com materia interessante
voltarei
Pois então Carmem, não é que quase sai um mesmo? rsrsrs, me achando!
Abração amiga.
Observatory, seja sempre bem-vindo ao espaço do Gergelim. Abraço.
Gostei bastante, parceiro, senti o gosto do sangue na boca, mesmo... não sei bem indicar onde está a força, mas tem, e muita! Grande abraço
Um descrição belíssima, poética, mágica de uma cena tão brutal. Arrasou mais uma vez,Luciano.Beijo.
Eu tá tive sonhei que estava caindo de um desfiladeiro...o sonho me pareceu real...e qdo estava próximo de me espatifar eu acordei assustado...deu um suadeira também...ainda bem que havia sido apenas um sonho...
Gostei muito do texto...vc conseguiu transmitir as sensações da queda e do pós queda...(Sentiu uma paz interior indescritível, um amor incondicional pelo rosto de alguém que corria em sua direção)...achei ótimo
Emocionante, denso, profundamente impactante. Conseguiste dar a dimensão do vôo para a queda, para a morte, para a libertação. Perfeito! Beijão
Guto, parceirão. Estamos aí. Legal o lance da força. Também não sei muito bem onde ela está, mas a sinto, no texto. Abração bro.
Adriana. Fico todo prosa em receber um elogio desses. Só me faz ficar com vontade de produzir outras narrativas tão boas quanto. Beijão querida.
Persiolino. Seja bem-vindo. O Gergelim estará sempre de borta abertas. Valeu.
Rose. Coisa boa que gostastes do texto e fizestes uma leitura muito parecida com a minha ideia original. Valeu amiga. Sempre bom te ter por aqui. Beijão.
anda sumido!
Impactante!
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